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O terreiro

Sempre procurei uma religião, mas nunca me encontrei em nenhuma. Estudei muitos anos no Instituto Granbery d Igreja Metodista, onde tínhamos cultos toda semana, depois fui estudar no Instituto Educacional Allan Kardec, escola mantida pela Casa do Caminho, da médium Isabel Salomão, na cidade de Juiz de Fora – MG. No Allan Kardec toda semana os alunos tomavam passes e eu apesar de criança, adorava, estava sempre lá dentro do centro. Apesar de tudo isso fiz primeira comunhão, e frequentei igrejas católicas. Em 2008 eu vivia uma fase em que queria achar uma religião. Eu achava que me faltava uma crença, sentia necessidade de ir a uma igreja, a missa, pois era assim que eu praticava minha fé, indo a missas quando sentia vontade. Apesar de rezar todas as noites, acreditava que estava precisando mais do que isso. 

Um dia, voltando de um atendimento a uma cliente, passei em frente a um Centro Kardecista, passei devagar, olhando e me deu uma vontade muito grande de parar e entrar, porém a vergonha de chegar sozinha, sem conhecer ninguém me fez acelerar e ir para a casa. 

Alguns meses depois meu marido me propôs irmos a Curitiba – PR visitar a minha cunhada e conhecer a cidade. Sendo assim pegamos estrada alguns dias após…

Quando eu estava chegando a Curitiba – PR minha cunhada me ligou, perguntando se eu gostaria de ir ao terreiro de umbanda com ela. Naquele momento a curiosidade foi maior do que qualquer coisa e respondi que “sim”, que eu gostaria de conhecer. Sempre tive vontade de conhecer, mas nunca tive coragem. 

Chegando em Curitiba tiramos as malas do carro e seguimos para o terreiro: eu, meu marido e minha cunhada.

O lugar era longe, pegava uma estradinha de terra, poucas casas no bairro… para mim era o fim do mundo… 

Quando pisei naquele lugar fiquei admirada e surpresa. Era uma “Festa de Exu”, festa em homenagem ao exu Capa Preta das 7 Encruzilhadas. O terreiro estava todo decorado de vermelho e preto, lindo! A energia me fascinava, o atabaque me encantava, os cantos, as palmas, tudo ali me deixou apaixonada! 

Eu observava tudo atentamente… Quando entrei para consultar com o Exu do Lodo a umbanda me ganhou! Sem nunca ter me visto, ele falou coisas que me fez cair por terra todos os pensamentos equivocados que eu tinha sobre tudo o que eu estava vendo ali!

Passei um ano indo para Curitiba – PR todos os meses, uma vez por mês, somente na assistência do terreiro. Li muito, estudei muito, me informei muito! 

Em 2009, após conversas com entidades e uma conversa com o Pai de Santo da casa fui convencida de que deveria entrar para a corrente. Em Abril de 2009 lá estava eu de branco pedindo licença para entrar e ser parte da corrente do Pai Junior de Iemanjá.

Fiquei por 7 anos e meio junto ao Pai Junior de Iemanjá, aprendendo e me dedicando a umbanda. Indo um vez ao mês ou de 15 em 15 dias para as giras, pois eu moro em Campinas – SP. 

Enfim, em 2015 após muitas conversas com Exu Capa Preta, seo Zé Pilintra e com meu pai de santo resolvi aceitar os conselhos deles, e aceitei dentro do meu coração de forma verdadeira que eu deveria abraçar e aceitar a missão dada a mim de tocar um terreiro.

Sendo assim, resolvi abrir meu terreiro na cidade onde eu moro, Campinas – SP, sendo feita mãe de santo pelo Pai Junior de Iemanjá, sob os fundamentos e preceitos do Terreiro Pai Maneco (Curitiba – PR) com a benção do caboclo Sete Mares e Sete Ponteiras do Mar. 

Nossa casa trabalha tanto para o crescimento dos médiuns, quanto para as pessoas que visitavam a casa, levando a umbanda a ser conhecida e vivenciada pelo que realmente ela é, e não pelo que falam dela.  Além de trabalhos sociais para a comunidade em torno do terreiro.

O “Terreiro de Umbanda Caboclo Akuan”, em Campinas – SP, foi aberta no dia 21 de Agosto de 2016.

Esta casa, recebeu o nome de “Terreiro de Umbanda Caboclo Akuan”, uma homenagem ao caboclo e amigo espiritual que tanto me ajudou nessa caminhada com quem trabalho a muito tempo e me preparou para assumir essa missão. 

Em todo este tempo, encontrei muitas pessoas que contribuíram para esta caminhada, deixando saudades, alegrias, lembranças, momentos vividos que não se apagarão jamais.

Mãe Carol de Ogum 

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